Razões para não votar em Bolsonaro nem em Lula
- Matheus G.
- Aug 28, 2022
- 10 min read
Updated: Jul 13, 2023
Confira 5 razões para não votar em nenhum dos dois candidatos no topo das pesquisas para as eleições.
Está chegando mais uma eleição e não é nenhuma novidade a população brasileira estar polarizada. Desde o fim da ditadura, as eleições diretas nos trouxeram repetidamente ao mesmo paradigma: eleitores divididos entre dois candidatos, representando, ao ver do povo, uma oposição entre direita e esquerda.
Nesse cenário, os políticos se tornam figuras de idolatria por parte do povo, que, por sua vez, mantém a tradição de promover seus candidatos usando os meios mais brasileiros possíveis, como bandeiras em varandas, comunidades do Orkut, correntes de WhatsApp e, mais recentemente, Tweets passando pano.
Mas chega de papo furado. O negócio desse post é tentar ser imparcial e mostrar de forma objetiva que nenhum dos dois candidatos é digno do Brasil e do povo brasileiro. Tornar mais claro para você, que já adotou seu candidato preferido, o porquê da escolha entre Lula e Bolsonaro ser péssima para o nosso país.
Por que não votar em...
Bolsonaro: vergonha nacional
Nenhum país quer que o seu representante faça papel de idiota frente ao mundo inteiro, não é? Pois é, é exatamente o que o candidato tem feito, com seu negacionismo não só débil, mas perigoso, adotando figuras como Olavo de Carvalho – o qual disse que não havia encontrado argumentos para refutar a terra plana, diga-se de passagem – como seus ilustres pensadores;


Com seu discurso irresponsável, muitas vezes infundado e ignorante, sem mencionar imaturo para alguém no seu lugar de poder;
Com sua negligência criminosa e seu desrespeito para com a vida de terceiros na gestão da pandemia;

Com seu descaso ao mentir abertamente sobre seu próprio governo (por exemplo, as recentes declarações sobre o "centrão");
Com o "troca troca" de ministros, além de medidas como orçamento secreto que demonstram a total incompetência para ser um presidente da república;
Com todos os escândalos envolvendo as autoridades escolhidas pelo presidente, além dos esquemas infames de rachadinha, entre muitos outros.
Por que não votar em...
Lula: manipulador nato
É inegável o talento do ex-presidente para convencer plateias e fazer discursos capazes de evocar as mais diversas emoções em quem ouve. O problema surge quando o discurso é mentiroso e bem pensado (até demais) para agradar o seu público, fazendo-o ouvir apenas o que bem deseja, tornando-o de certa forma cada vez mais surdo.
É claro que essa é uma estratégia bem comum dos políticos em geral, e no Brasil sabemos aonde isso leva, com a bem conhecida desonestidade da classe política. Mas Lula é dotado de uma habilidade mais elevada no que diz respeito à oratória.
Não é à toa que até hoje, mesmo após os escândalos do mensalão envolvendo seu partido, ainda há muitos que o defendam veementemente. Não é à toa que, mesmo dada sua origem humilde e sendo um operário, chegou ao poder – contrariando o velho paradigma de poderosos de origem mais rica. Aliás, isso era uma oportunidade de fazer desse feito algo histórico e quebrar preconceitos existentes em relação à classe mais pobre. De fato, ele contribuiu, em certo grau, para tal. Mas, infelizmente, em seguida ele manchou a sua reputação, contribuindo também no sentido contrário da coisa.
Ele insiste em dizer que é a pessoa mais honesta que esse país já viu, apesar de todos os escândalos já comprovados do seu próprio partido durante o mensalão, na época em que era presidente do país, além das mais de 3 mil evidências ([1] , [2], [3]) incluindo pagamentos, comprovantes, trocas de mensagens, registros em vídeos e fotos, depósitos bancários e imóveis, documentos internos da OAS, delações da Odebrecht, testemunhas oculares, e muito mais nas milhares de páginas da sua condenação no STJ. Destacando ainda que Lula não foi efetivamente absolvido, já que o processo deverá iniciar novamente, tendo sido anulado por alegar parcialidade do juiz Sergio Moro, apenas. A história se repetiu, já que o STJ e o Supremo já haviam anulado, no passado, grandes casos de corrupção do país.
Ainda, quanto à sua linguagem corporal, o ex-presidente, ao dizer que é inocente, apresenta um comportamento altamente incongruente. Independentemente do canal Metaforando ser científico ou não, a estranheza é bem visível. Não só nesse vídeo, mas em vários outros, inclusive em declarações ao vivo, o que é no mínimo suspeito.
Além disso tudo, Lula enuncia repetidamente que seu governo foi um dos maiores da história do planeta usando dados distorcidos ou errôneos, como os dados relativos às leis de combate à corrupção, à fome e aos índices de pobreza, contrariando o IBGE (que constatou que em 2016, no governo de Dilma Rousseff, 52 milhões de brasileiros estavam abaixo da linha da pobreza), entre outros.
2.
Lula e Bolsonaro: populismo perigoso
Um dos maiores perigos é o nível de populismo que se alcançou, de ambos os lados.
A ideologia populista separa a sociedade em dois campos homogêneos e antagônicos, "o povo" contra "os inimigos", alegando que a política deve ser a expressão da vontade geral do povo.
É evidente o apelo ao povo dos dois governos. Bolsonaro adota a máxima "mito" e abraça o povo que o venera cegamente. Enquanto isso, ele descarta totalmente os seus críticos e opositores, em vez de ouvi-los. Ao contrário do que alguns pensam, Bolsonaro também tem um apelo à população mais pobre brasileira, com destaque ao auxílio brasil e aos benefícios aos caminhoneiros.
Com grande apelo popular, o "mito" realiza motociatas por todo o Brasil, até dança funk enquanto é ovacionado pelo povo, ao mesmo tempo que coisas seríssimas estão em curso no país. Resumindo, o presidente pode fazer qualquer coisa, por mais absurda que seja, que o seus fiéis seguidores o defenderão, chamando-o de messias.

Enquanto isso, como sempre foi visto na política brasileira, Lula e o PT usam um apelo enorme à população mais pobre, adotando um discurso que reforça o embate entre "o povo" e uma elite dominadora que se aproveita e abusa dos mais pobres, muitas vezes referida por eles como a classe média brasileira (que na maior parte ganha próximo de 2 salários mínimos). Os discursos são sempre "nós" contra "eles" – nós do PT, amigos dos pobres, e "eles", os que odeiam os pobres, que são os partidos restantes, adotando sempre a bandeira vermelha acima da bandeira brasileira.

Assim segue implementando sem devida prudência ou planejamento (muitas vezes "de fachada") os mais diversos programas sociais que agradam as massas, prometendo eternos benefícios e o fim da fome no Brasil, causando a banalização do ensino básico e do funcionalismo público, entre outros.
Isso tudo, tanto por Lula quanto por Bolsonaro, é perigoso, pois se apoia na ignorância da população e no estigma da sociedade, ao reforçar o discurso de combate em detrimento do discurso de união pelo bem comum. Assim, coloca as parcelas da população brasileira em posição de luta, tudo para defender uma classe de políticos que não está nem aí para aqueles que os veneram. Quem nunca viu amigos brigarem ou famílias se dividirem defendendo os dois? Isto, a intolerância à opinião alheia e a violência entre eleitores, está se tornando cada vez mais comum.
A idolatria nesse sentido também é muito perigosa, pois deixa o povo refém, cego e alheio à realidade, tornando o político, em algum nível, impune independente do crime que cometa, já que, aos olhos do povo, sempre haverá uma calúnia ou algo justificável para defender a figura populista. Isso se torna perigoso, pois ameaça colocá-la, de certa forma, acima da lei.
3.
Bolsonaro: não é tão a favor da liberdade como você pensa
Para quem entra com o discurso "Ah, mas o Bolsonaro é a favor da liberdade de expressão, ao contrário do Lula, que é comunista", saiba que o atual presidente da república não é tão libertário assim como você pensa.
Enquanto ele afirma que não irá reprimir as mídias ou ameaçar, de forma alguma, a liberdade de expressão, Bolsonaro tomou medidas estranhas durante o seu mandato, como a aplicação de censuras à Agência Nacional de Cinemas, a Ancine, além de censuras a comediantes como Danilo Gentili e Fábio Porchat.
Ainda, o comediante Marcelo Tas já foi processado algumas vezes por Bolsonaro.
"A intenção é intimidar. Eu acho isso grave. Nenhuma autoridade da República pode se blindar das críticas", afirma Tas.
Parece que o presidente é a favor da liberdade da expressão apenas quando lhe convém, nas pautas que o interessam.
Além disso, em uma filmagem, um cidadão questiona o presidente no meio de seus seguidores, e o presidente se aproxima e toma a câmera da mão do jovem, impedindo-o de continuar gravando.
Mas atenção: isso não é inédito. Quantos foram os políticos no Brasil que já processaram comediantes ([1], [2]) por terem questionado e protestado? Em especial, políticos opositores do atual presidente.
Lula: o governo PT não foi tão bom como você pensa
Para quem acha que o governo do PT foi um dos melhores do mundo de todos os tempos: calma lá, não se engane. Sim, o primeiro mandato de Lula é considerado por estudiosos e por boa parte da população brasileira como bom. Lula apostou nas commodities, na parceria com a China e na estabilização do plano real, implementado por seu antecessor, possibilitando o crescimento da economia brasileira. Além disso, apostou em políticas sociais que ajudaram a reduzir a miséria no país. Mas outras coisas devem ser levadas em conta.
O sucesso do plano real foi um fator importantíssimo para o boom da economia brasileira; alguns anos após o início do real, a economia decolou. Então, sim, o governo de Lula aproveitou a maré, e soube aproveitar bem.
O mundo entre 2002 e 2007 também vivia num bom momento na economia, e vimos países emergentes, como os BRICS, crescerem com ritmos acelerados. De fato, entre os BRICS o Brasil foi o que menos se desenvolveu no período. Apesar do PIB ter subido bastante, o IDH, que avalia renda, saúde e educação, não acompanhou tanto assim. Em 2002, antes de Lula tomar a posse, o Brasil tinha um IDH mais próximo ao da Rússia na época (0.699 contra 0.734). Após o mandato, em 2010, passou a ser 0.727 contra 0.781 da Rússia, que inclusive não é um dos países que mais desenvolveram entre os BRICS.
A China se tornou uma potência econômica mundial, a Índia passou de um país extremamente precário para uma potência na tecnologia, a África do Sul teve um aumento do IDH 60% maior que o do Brasil durante os dois mandatos de Lula ([1], [2], [3], [4], [5]).
De 2002 para 2010, o IDH da China subiu 0.93 pontos, o da Índia subiu 0.73, África do Sul 0.45, Rússia 0.47, e Brasil, somente 0.27. De 2010 para 2016, no governo Dilma, esses indicadores foram: África do Sul 0.39, Rússia 0.34, Índia 0.51, China 0.47, e Brasil 0.31.
É claro que esse indicador não é perfeito, afinal nenhum indicador é, já que não considera a distribuição da renda. Mas não é preciso ser especialista para perceber que, se o PIB per capita decolou e o IDH não acompanhou tanto, algo aconteceu.
Além disso, o segundo mandato de Lula e os seguintes mandatos do PT no governo de Dilma Rousseff foram marcados por gastos públicos exacerbados com políticas sociais sem devido planejamento e obras que permaneceram inacabadas durante todo o governo.
Ainda, o investimento em educação se focou no ensino superior em detrimento do ensino básico nas escolas públicas, que viram sua qualidade cair. Isso acabou causando problemas nas universidades, já que muitos alunos passaram a chegar ao ensino superior sem português ou matemática básicos. Com isso, cada vez mais alunos se formam no ensino básico analfabetos, e cada vez mais analfabetos chegam às faculdades, reduzindo a taxa de graduados e lotando as universidades com alunos inadimplentes.
Com isso, os gastos públicos se elevam para manter os estudantes nas universidades, e para manter estas inteiras. Além disso, a política burocrática, sufocante e estatal na economia, com muitas estatizações, e o descuidado do funcionalismo público também estancaram a economia interna do país e aumentaram ainda mais os gastos, muitas vezes sem trazer o devido retorno.
Quando se insiste em maus empréstimos por muito tempo, estes deixam de trazer retorno e passam a se tornar dívidas e despesas. Como pode ser visto no filme "A Grande Aposta", que aborda a crise econômica de 2008, não tem jeito: uma hora a conta não fecha. Bastou justamente essa crise do final dos anos 2000, juntamente aos escândalos de corrupção, para o país começar a despencar. Em 2011, diversos economistas já alertavam para a crise econômica que estava por vir, pronta para assolar o Brasil. Em 6 anos, a inflação passou de 5,90% do final do mandato de Lula para 10,67% em 2016 – quase dobrando. E saiba disso: a conta está sendo paga até hoje.
Sim, o PT implementou políticas sociais que ajudaram famílias mais pobres, porém dados do IBGE revelam que, em 2016, 52 milhões de brasileiros estavam abaixo da linha de pobreza. E, sim, muitos estavam passando fome.
4.
Lula e Bolsonaro: discurso agressivo
Por um lado, Bolsonaro usa um discurso agressivo, como o que ele utilizou na ONU, impondo falas de violência, homofóbicas, preconceituosas e conspiracionistas. Como pode ser visto na entrevista com o apresentador e comediante inglês Stephen Fry, o discurso do atual presidente sempre foi um tanto quanto sombrio e assustador.
Por outro lado, Lula também não difere muito. Ao contrário do que muitos acreditam, ele também foi declamador de frases preconceituosas, machistas, perigosas e até mesmo homofóbicas, como:
"Uma mulher não pode ser submissa ao homem por causa de um prato de comida, ela tem que ser submissa a um parceiro porque ela gosta dele e quer viver junto com ele”.
"Eu não tenho preconceito não, o cara que chamam de homossexual no nosso meio a gente chama de veado mesmo."
"Feminismo é coisa de quem não tem o que fazer."
"Se eu voltar, vai haver uma regulação dos meios de comunicação." [1]
Além disso, a proximidade do petista com governos classificados como estados de exceção pela ONU como a Venezuela de Maduro – que utiliza da censura de imprensa e é acusado por seus cidadãos de ameaças e torturas – e a Cuba de Fidel Castro – que admitiu abertamente a perseguição e assassinato por parte de seu governo a homossexuais nas décadas de 60, 70 e 80, além dos relatos de fuzilamento de civis no muro conhecido como "paredón" – chamando o líder guerrilheiro de "gente boa", só demonstra que o discurso de Lula não tem nada de pacífico.
5.
Lula: política econômica preocupante
Há também uma preocupação muito grande com as pautas econômicas. Afinal, o mercado não saberá bem como reagir se Lula vencer as eleições. O cenário se o petista vencer é de imprevisibilidade. No meio de uma crise mundial pós-pandemia e também em plena crise econômica brasileira, perguntamos quais seriam as medidas a serem implementadas pelo petista.
Lula afirmou a pretensão de pôr mais dinheiro em circulação para controlar a inflação e combater a fome e a pobreza, apesar de que qualquer um que entende um pouco de economia sabe que, na verdade, isso é a própria causa da inflação.
Além disso, se o governo cometer o mesmo erro de aumentar os gastos públicos exageradamente com programas sociais sem uma boa estratégia econômica – por exemplo, com o uso de um fundo de investimentos sobre a inflação – o país corre risco de se endividar e afundar ainda mais na crise econômica.
Bolsonaro: não cumpriu pautas econômicas
Ao contrário do que prometeu Bolsonaro com seu plano de governo em 2018, o presidente não melhorou os indicadores econômicos. Pelo contrário: todos os indicadores econômicos caíram (inclusive o PIB, se considerar a correção do dólar).
É claro que deve-se levar em conta a ocorrência de uma pandemia e uma guerra em andamento, que trouxe problemas para o mundo inteiro. Mas isso não apaga as más relações do governo com o resto do mundo. Essa gestão diplomática certamente trouxe muitos impactos negativos para a economia brasileira.
A taxa de desemprego está altíssima, com 10 milhões de desempregados, cerca de 30 milhões de pessoas recebendo menos de um salário mínimo e inflação de 12%.
Além disso, de 55 metas para o crescimento da economia, apenas 20 foram cumpridas, 24 não foram e 11 foram cumpridas apenas em parte, de acordo com a retrospectiva do governo Bolsonaro pelo especialista financeiro Bruno Perrucho.
Conclusões
Não se precipite! Estude, busque pesquisar você mesmo e se informe sempre. Questione, não hesite em duvidar das informações que foram colocadas neste post. Não acredite em tudo que te falam e pense por conta própria.
Boas eleições!
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